[gravata]Novos desafios da refrigeração em um mundo em transformação.[/gravata]
As empresas, o governo e os cidadãos precisam agir para evitar os impactos do aquecimento global. Torna-se cada vez mais importante falar sobre eficiência energética no mercado da refrigeração. Os equipamentos estão mudando para atender a novas exigências. A manutenção também ganha importância pois é preciso evitar o consumo excessivo de novos bens e melhorar o desempenho dos equipamentos. Sobre esse tema, o Clube da Refrigeração entrevistou um dos mais importantes especialistas brasileiros em meio ambiente e sustentabilidade, Fábio Feldmann, também advogado, consultor e ex-deputado federal.
Fábio Feldmann, especialista em meio ambiente e sustentabilidade.Clube da Refrigeração: Que impactos o processo de aquecimento global e mudanças climáticas estão trazendo? Fábio Feldmann: Esse processo poderá resultar em um aumento da temperatura média do planeta entre 2°C e 6°C até o final do século. Esse número dependerá basicamente do nível de emissão dos gases de efeito estufa. É preciso fazer com que essas emissões diminuam, para não chegarmos ao pior cenário, que é o do aumento de 6°C. Os impactos já começaram e se agravarão, em todas as áreas. As cidades, por exemplo, sofrerão cada vez mais com os extremos climáticos e suas consequências. As tempestades muito intensas e rápidas que já vêm ocorrendo são uma amostra disso. Existem também graves ameaças ligadas à produção de alimentos, ao aumento do nível dos mares, à propagação de doenças e muitos outros aspectos.
Clube da Refrigeração: Onde estão as principais dificuldades para lidar com essa questão? Fábio Feldmann: A primeira grande dificuldade está nos governos. As negociações internacionais relacionadas às emissões e mudanças climáticas não estão avançando. Os governantes não estão tendo o sentido de urgência que é preciso. Ao mesmo tempo, os países em geral estão fazendo pouco ou adiando as suas ações. Mesmo com a crise econômica no mundo, as emissões de gases estão aumentando. Os combustíveis fósseis (derivados do petróleo, gás natural e carvão mineral) são os maiores responsáveis por essas emissões e seu uso segue crescendo. No Brasil, por exemplo, está sendo feito um grande investimento na exploração de petróleo na camada do pré-sal, o que estimulará a continuidade da utilização desses combustíveis.
Clube da Refrigeração: E qual é o papel das empresas? Fábio Feldmann: As empresas tem um papel fundamental no combate às mudanças climáticas. Elas devem buscar reduzir a sua pegada de carbono, ou seja, as suas emissões de gases de efeito estufa. Isso envolve todos os aspectos da sua atuação: escolha das matérias-primas, uso da energia, processo de produção, transporte e até mesmo a durabilidade dos produtos e a forma de seu descarte após o consumo. Por exemplo, ao projetar um equipamento de refrigeração, é preciso levar em conta todos os impactos que terá, ao longo de toda a sua vida útil e no momento de descartá-lo.
Clube da Refrigeração: E o cidadão, o que pode fazer? Fábio Feldmann: De maneira geral, a sociedade pode pressionar o governo para agir na direção correta. O eleitor tem o poder do seu voto para mudar a forma como as coisas são feitas. Ao mesmo tempo, esse eleitor é consumidor: suas atitudes vão influenciar o comportamento das empresas. Para que esses comportamentos se disseminem, é preciso investir no aspecto educativo, na conscientização. Os hábitos pessoais de cada um também são importantes. Evitar o desperdício, abrir mão do carro quando possível, reutilizar materiais são algumas medidas que todos podem tomar.
Clube da Refrigeração: Com esse processo, quais as oportunidades que se abrem? Fábio Feldmann: Existe uma nova economia que surge a partir desse quadro. Muitas empresas e profissionais já perceberam isso. No caso da refrigeração, o tema da eficiência energética vai se tornar ainda mais essencial. Os equipamentos estão mudando para atender a novas exigências. Isso inclui também a questão das possibilidades de reciclagem e reutilização dos materiais e componentes. A manutenção ganha importância, pois é preciso evitar o consumo excessivo de novos bens e melhorar o desempenho dos equipamentos. [exclusivo]